Homenagem ao Diretor Paulo Roberto de Oliveira
Para: Secretaria de Cultura, Teatro João Caetano
Nós da classe artística solicitamos ao Teatro João Caetano e Secretaria de Cultura que, em homenagem ao diretor Paulo Roberto de Oliveira:
1. A sala da direção do teatro seja nomeada como: SALA DIRETOR PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA;
2. Que seja colocada uma placa no foyer do teatro, em sua memória, para que o público saiba de sua importância;
3. A liberação do foyer do teatro, para realizarmos uma cerimonia de celebração por essas homenagens (item 1 e 2) onde o maestro Sergio Roberto de Oliveira, seu filho, fará uma breve homenagem ao pai.
Paulo Assumiu por 20 anos a gestão do teatro fazendo grandes amigos e muitas histórias.
Gostaríamos que seu exemplo perdure para os próximos gestores e técnicos, e que todos saibam de sua importância.
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Sobre o Paulo:
Carioca nascido no bairro de São Cristóvão, flamenguista, mangueirense de coração e imperiano por escolha, o Diretor PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA, assumiu por 39 anos a direção dos mais importantes teatros do Rio de Janeiro.
Foi casado por 47 anos com a advogada Vilma Oliveira de Olivera, com quem teve seu único filho, o maestro Sergio Roberto de Oliveira, seu maior orgulho.
Autor dos livros “Fora de Cena”, "Tá Faltando Ele" e "Teatrando atrás do pano", compartilhou histórias preciosas dos bastidores do teatro, assunto que tratava com propriedade.
Filho de pai publicitário, iniciou-se nessa profissão. Porém, em 1969 fundou com Sérgio Bittencourt a HELP PRODUÇÕES, empresa destinada a produzir programas de TV, shows em boates, colunas de jornal, peças de teatro e programas de rádio.
Anos depois, um tanto decepcionado com o meio artístico, tentou se afastar dele indo trabalhar no BNH, justo na ocasião em que estava sendo inaugurado o TEATRO BNH, tornando-se o primeiro administrador do espaço.
Com a transferência do BNH para a Caixa Econômica, Paulo foi intimado a fazer concurso interno para ter direito a continuar desempenhando sua função, e foi aprovado. Porém, de acordo com o regulamento, os aprovados teriam que estagiar por dois anos em uma agência da Caixa. Ele não pensou duas vezes e abriu mão, já que não fazia sentido ter que estagiar em uma agência bancária. Fragilizados com a situação, grandes nomes da classe artística fizeram um abaixo assinado solicitando a permanência de Paulo em seu cargo, mas não teve jeito, ele teria mesmo que cumprir o estágio. Sua reação veio em forma de pedido de férias, licença-prêmio e finalmente, licença-sem-vencimentos.
Com a chegada do governo Collor, um dos primeiros decretos do presidente foi demitir todos os funcionários federais que estavam de licença-sem-vencimentos. E lá se foi o Paulo...
Anos depois ele foi convocado para ser readmitido, e não aceitou.
Durante sua gestão no teatro BNH, além de trabalhar diretamente com Ziembinski, ele também ganhou um grande amigo: Nelson Rodrigues.
Nelson inspirado nessa grande amizade, criou um personagem "torcedor do flamengo". Em forma de retribuição à amizade com o grande gênio da dramaturgia, Paulo elaborou um projeto para que aquele espaço recebesse o nome de TEATRO NELSON RODRIGUES. Por questões legais, isso aconteceu somente após da morte de Nelson.
Nesse período, a convite de Rogério Froes, aceitou administrar o TEATRO VILLA LOBOS, passando então a trabalhar em ambos.
Em 1984, iniciou uma história de amor e luta ao assumir o TEATRO JOÃO CAETANO, onde liderou por 11 anos consecutivos. Retornou em 2002, ano em que o teatro completava 190 anos de fundação.
No João Caetano, ele foi o facilitador de grandes acontecimentos, como o velório da Cantora Dalva de Oliveira, que aconteceu no hall do teatro. Fez também grandes amizades com artistas, diretores, bilheteiros, músicos, atores, pipoqueiros, vendedores de bala e espectadores. Mais do que um diretor, Paulo foi a alma da casa de espetáculos localizada na Praça Tiradentes.
Entre muitas histórias de comédia e drama, foram mais de 20 anos dedicados ao espaço.
Nesse período, em 2005, recebeu a MEDALHA TIRADENTES da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Em outras ocasiões, o título de CIDADÃO BENEMÉRITO, a MEDALHA PEDRO ERNESTO e foi homenageado pela bateria da GRES Império Serrano. Entretanto, afirmava que o diploma que mais se orgulhava de ter, era o que tinha recebido do Bar Luiz: "PATRIMÔNIO CULTURAL DA BOHEMIA CARIOCA"
Durante esses 39 anos, o diretor lutou pela defesa dos teatros e priorização da cultura no Rio de Janeiro.
Em 2013 tornou-se diretor do teatro RAUL CORTEZ, onde permaneceu até 2015, ano de sua morte.
Paulo faleceu aos 73 anos... mas deixou muitas histórias. Que seu exemplo e dedicação sirvam de inspiração!