Abaixo-assinado Predinhos da Hípica Paulista - pela manutenção do piso de paralelepípedo
Prezados Senhores,
Os moradores do Bairro de Pinheiros, São Paulo-SP, no perímetro entre as ruas Teodoro Sampaio, Mourato Coelho, Artur de Azevedo e Pedroso de Morais (Setor 015, Quadras 018, 019, 020, 021, 027, 028, 029, 030, 032, 033 e 034), vêm apresentar o presente abaixo-assinado visando a proteção e preservação do arruamento de paralelepípedo característico dessa região, na forma abaixo exposta.
A região descrita acima faz parte de um conjunto urbano conhecido popularmente como “Predinhos da Hípica”, com reconhecido valor histórico para o Bairro de Pinheiros e para a Cidade de São Paulo.
A região abrigou na década de 1920 a antiga sede da Sociedade Hípica Paulista que, com seus à época prestigiados concursos hípicos, contribuiu para colocar o bairro de Pinheiros em grande evidência no cenário paulistano. Na década de 1950, recebeu a edificação do atual conjunto urbano por iniciativa do imigrante libanês Raduan Dabus, com projeto de autoria de seu filho, Felix Dabus. Os prédios e sobrados da região, com fachadas originais preservadas até hoje, agregados ao arruamento de paralelepípedo, ajudam a recontar a história de nossa cidade.
Dessa forma, os “Predinhos da Hípica”, compostos essencialmente por prédios baixos e sobrados, foram enquadrados no zoneamento da cidade como ZEPEC (Zona Especial de Preservação Cultural) e estão em fase de tombamento perante o Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo (DPH), objeto da Resolução nº 07/2003 do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo.
Em artigo acadêmico publicado em 2006, fruto de monografia defendida na Faculdade de Belas Artes de São Paulo, através do qual ressalta a importância histórica e arquitetônica do conjunto urbano, a arquiteta Cássia Nobre assim descreve o espaço: “As particularidades destes edifícios são melhor observadas na visão do pedestre (...) os edifícios residenciais recuados das ruas de paralelepípedo com jardins à sua frente trazem sensações especiais (...)”. Ainda segundo a arquiteta, “é possível analisá-los num contexto urbano temporal nacional e internacional. O período que se inicia com a Segunda Guerra Mundial e se estende até a década de 1960 compreende a fase de mais intensa industrialização e urbanização da história do país”.
Entretanto, os abaixo assinados vêm, através do presente, chamar a atenção para um risco irreparável que esse patrimônio histórico da cidade está sofrendo: o recapeamento de trechos da rua que estão sendo realizados rotineiramente com asfalto, desfigurando as suas ruas históricas de paralelepípedo, que são parte integrante do patrimônio a ser preservado.
A preservação dessas ruas de paralelepípedo mostra-se fundamental não só pela importantíssima questão histórica como também por razões técnicas, uma vez que são uma solução considerada ecológica e eficiente para, entre outras vantagens, a melhor absorção de água da chuva.
Diante do acima exposto, vimos solicitar a intervenção dessa D. entidade junto aos órgãos municipais competentes para paralisar a prática acima exposta, bem como para reconstruir os trechos asfaltados, com a devida substituição por paralelepípedos.
São Paulo, 4 de dezembro de 2012
