Abaixo-assinado Em defesa dos engenheiros brasileiros
Para: Presidente da República Federativa do Brasil; Congresso Nacional do Brasil; Senado Federal;
Nós, abaixo-assinados, brasileiros, engenheiros, cientes dos nossos direitos de cidadão, bem como do recente acordo de reconhecimento de diplomas entre Brasil e Portugal, que possibilita uma futura entrada, em grande número, de engenheiros estrangeiros no mercado de trabalho brasileiro, e que tal acordo foi assinado sob a premissa de que existem milhares de vagas não preenchidas, no setor de engenharia, no mercado brasileiro, viemos, por meio deste, fazer esclarecimentos, bem como algumas reivindicações, objetivando uma tomada de decisões governamentais favorável a todos.
Queremos esclarecer os seguintes pontos:
1. O motivo do não preenchimento de uma grande parcela das vagas não é apenas a quantidade insuficiente de engenheiros, mas o crescimento da exigência dos empregadores que supera a velocidade de formação das escolas de engenharia, bem como muitas vezes a própria velocidade de capacitação do profissional. Além disso, o mercado nem sempre segue critérios lógicos nas suas exigências, e algumas delas chegam a ser incoerentes. Existem muitas empresas que implementam certas exigências para mostrarem que estão na vanguarda da qualidade, como numa espécie de marketing, mas que de fato não necessitam de tudo quanto exigiram. Uma das principais incoerências do mercado, embora não seja a única, diz respeito à exigência de experiência profissional para engenheiros recém-formados. Por estes motivos, há muitos engenheiros desempregados, inclusive os idealizadores deste abaixo-assinado.
2. Muitas empresas, para fugir à responsabilidade de pagar o piso salarial estabelecido por lei, contratam engenheiros como supervisores, coordenadores, analistas, etc, quando na verdade o trabalho desenvolvido é o de um engenheiro, o que reduz significativamente o número de vagas
3. Algumas grandes empresas já enxergaram a discrepância entre o crescimento nas exigências e a velocidade de formação dos profissionais, e reconheceram a sua parcela de responsabilidade, e implementaram os programas trainee, onde a própria empresa paga pela capacitação complementar do profissional. Ora, as empresas conscientes reconhecem que sai mais barato, e é de maior responsabilidade social, completar a formação dos engenheiros do país.
Queremos fazer as seguintes reivindicações, pois entendemos ser de responsabilidade do Governo:
1. Fiscalizar a atuação das indústrias, através da criação um perfil de vaga para cada modalidade da Engenharia, para fins de comparação com os cargos de supervisor, coordenador, analista, etc, oferecidos, e, caso fique constatado que as funções correspondem mais às de um engenheiro, se obrigue a empresa a contratar o profissional como tal, garantindo assim o cumprimento do piso salarial.
2. Criar um programa nacional de primeiro emprego para colocação de todos os engenheiros que ainda não tiveram uma oportunidade no mercado de trabalho, inclusive oferecendo especializações e cursos de idiomas e capacitação nas áreas críticas para todos, com o objetivo de realizar o treinamento de engenheiros recém-formados, diretamente pelo Governo, ou através de parcerias público-privadas (bastaria para isso oferecer algum incentivo fiscal àquelas empresas que já dispõem de programas trainee, ou a qualquer uma que se dispusesse e estivesse qualificada para o serviço, para que se encarregassem da realização dos treinamentos. Todos sairiam ganhando: o país, as empresas e os engenheiros).
3. Interagir com as empresas, no âmbito de convencê-las a rever os seus critérios e exigências de contratação, de modo a serem mantidos dentro dos padrões do bom senso (pode-se fazer isso como parte do programa nacional de primeiro emprego e capacitação para engenheiros, bem como das negociações das parcerias público-privadas, talvez com oferecimento de incentivos fiscais).
4. Criar um programa nacional, prioritário, de incentivo à Engenharia e à Industria Nacionais, incluindo investimentos visando a formação de um número suficiente de profissionais para preencher todas as vagas existentes no país, bem como para fomentar o crescimento do número de vagas.
