Abaixo-assinado Não ao aquário, sim à consciência
Para: Assembléia Legislativa de Fortaleza e Câmara dos Vereadores
Contra o AQUÁRIO da cidade de FORTALEZA
As notícias nos revelam o melhor lado da implantação do Aquário de Fortaleza, que, inclusive já teve suas obras iniciadas e segundo dizem as mesmas notícias, deveria ser concluído até o final de 2012. Seria “ótimo” ter uma obra dessa natureza em nossa capital se tivéssemos as condições de igualdade social amplamente estabelecidas entre nós cidadãos, entretanto o que temos são: insegurança, ausência de medidas preventivas ao combate da violência, favelas sem urbanização, pontos de lazer desfeitos ou sem o devido zelo, como as lagoas de Parangaba, Maraponga, Mondubim – falando das que eu conheço – sem o seu projeto concluído –, moradores de rua, pessoas pedindo esmolas, crianças e adolescentes se prostituindo, postos de saúde sem remanejamento adequado de profissionais ao atendimento ao público e sem o remédio necessário, professores, policiais civis e militares sem o salário que lhes cabe pelo exercício da profissão. São R$ 250.000.000 (duzentos e cinquenta milhões de reais) que poderiam ser aplicados em muitas necessidades acima, caso Governo do Estado e Prefeitura trabalhassem juntos como haviam acordado nos palanques eleitorais e diante da imprensa. Além do cativeiro dos animais que irão servir de exposição no aquário, o que temos são motivos suficientes para nem mesmo termos a instalação de tamanha fonte de alienação cultural, ainda que nos pareça divertido ver seres vivos presos para nossa “alegria”.
Mais do que nos alienar, o Aquário de Fortaleza em vez de nos aproximar dos animais nos distancia deles, pois a falta de contato com a natureza e o desrespeito a eles promovido é tão imensamente grandioso que passam a ser apenas objetos de apreciação como se fossem coisas de vitrine. E bem o sabemos que são seres vivos tão preciosos quanto nós, dignos de amor, respeito e gratidão, pois sem os animais marinhos, não teríamos tido muitas chances de sobrevivência se formos falar dos benefícios dos ciclos da vida da nossa cadeia alimentar. Foram eles que nos serviram de alimento a milhares de anos quando nem imaginávamos degustar os sanduíches das nossas sofisticadas lanchonetes ou as carnes servidas em nossas mesas.
Além de tudo isso, ainda tem o ato de pôr em cativeiro animais marinhos que deveriam estar livres. Siga a seguinte linha de raciocínio: você, dentro de uma jaula ou aquário, servindo de exibição a outras pessoas iguais a você, sempre dia e noite, sendo alimentado(a) somente para as exibições, sem poder sair a lugar algum, ver seus parentes, seus amigos, dançar, divertir-se, viajar, estudar e trabalhar naquilo que sempre desejou. Aí você me diz: mas eu sou diferente de um animal que pode ser domesticado e receber bons tratos de seus treinadores e se acostumar a viver de forma domesticada e até ser feliz com tantas pessoas vendo seus espetáculos. Eu te respondo: em que somos diferentes de seres vivos tão especiais quanto nós que têm o seu habitat, sua família, seus costumes e, de repente, veem-se separados de tudo isso por que o homem decidiu que a função deles é nos divertir e entreter? Tudo bem, te respondi com uma pergunta a fim de que você possa refletir sobre todas as coisas escritas aqui e na matéria de cunho informativo aparentemente inofensiva.
E vou te fazer outra pergunta: até que ponto somos capazes de nos importar com a natureza se o que fazemos é depredá-la, prendê-la e matá-la?!!!... Caso você consiga responder de forma reflexiva e sensata a estas questões, participe, manifeste sua vontade, assine esse manifesto a favor da vida, contra uma cultura da dominação em prol de entretenimento.
Só mais uma última observação: não precisamos ser iguais ao resto do planeta, imitando-os no que parece ser bom, porque viver em harmonia, não significa ser igual a todos em tudo.
Proposta: reunir assinaturas para dialogar sobre a implantação de outros entretenimentos que não prejudiquem o convívio entre os seres vivos, trazendo prejuízos ambientais no tocante à separação e distanciamento dos animais de suas famílias e habitat, uma vez que terão de ser remanejados – cedo ou tarde – ao seu lugar de origem, só que dessa vez com a possibilidade de não reencontrarem seus entes biológicos. Ao contrário do que possamos imaginar, os laços dos animais marinhos são extremamente fortes e inquebrantáveis. Uma separação causa danos irreversíveis à vida de cada filhote, mãe ou pai pelo apego e amor que têm entre si.
